É difícil dar-se uma definição genérica de filosofia, já
que esta varia não só quanto a cada filósofo ou corrente
filosófica, mas também em relação
histórico. Atribui-se a Pitágoras a distinção entre a
o saber, e a philosophia, que seria a "amizade ao saber", a
busca do saber. Com isso se estabeleceu, já desde sua
origem, uma diferença de natureza entre a ciência,
enquanto saber específico, conhecimento sobre um
domínio do real, e a filosofia que teria um caráter mais
geral, mais abstrato, mais reflexivo, no sentido da busca
dos princípios que tornam possível o próprio saber. No
entanto, no desenvolvimento da tradição filosófica
"filosofia" foi freqüente-mente usado para designar a
totalidade do saber, a ciência em geral, sendo a metafísica a
ciência dos primeiros princípios, estabelecendo os
fundamentos dos demais saberes. O período medieval foi
marcado pelas sucessivas tentativas de conciliação entre
razão e fé, entre a filosofia e os dogmas da religião
revelada, passando a filosofia a ser considerada
theologiae, a serva da teologia, na medida em que fornecia
as bases racionais e argumentativas para a construção
um sistema teológico, sem, contudo, poder questionar a
própria fé. O pensamento moderno recupera o sentido da
filosofia como investigação dos primeiros princípios,
tendo, portanto, um papel de fundamento da ciência e de
justificação da ação humana. A f
mente a partir do Iluminismo, vai atribuir à filosofia
exatamente esse papel de investigação de pressupostos, de
consciência de limites, de crítica da ciência e da cultura.
Pode-se supor que essa concepção, mais contemporâne
tem raízes no ceticismo, que, ao duvidar da possibilidade
da ciência e do conhecimento, atribuiu à filosofia um papel
quase que exclusivamente questionados. Na filosofia
contemporânea, encontramos assim, ainda que em
diferentes correntes e perspectivas,
como investigação crítica, situando
nível essencialmente distinto do da ciência, embora
intimamente relacionado a esta, já que descobertas
científicas muitas vezes suscitam questões e reflexões
filosóficas e freqüentemente problematizam teorias
científicas. Essa relação reflexiva entre a filosofia e os
outros campos do saber fica clara, sobretudo, nas chamadas
"filosofia de": filosofia da ciência, filosofia da arte,
filosofia da história, filosofia da educação, f
matemática, filosofia do direito etc.
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